Este João da Laje era homem de princípios menos maus, assentados em religião e pátria; havia matado dois franceses doentes nas ambulâncias retardadas, e acreditava que o fantasma era a alma do capitão-mor e não a égua branca do vigário.
O rapazinho deitou a correr, e lá foi, a caminho da serra. Tendo de optar entre os malefícios da alma penada e a biqueira do tamanco do amo, preferia encontrar o defunto capitão-mor. Ainda assim, ia rezando alto quanto sabia da cartilha: os Pecados Mortais, as Obras de misericórdia, os Sacramentos da Santa Madre Igreja, tudo. À saída da aldeia, recuou estarrecido. Vira um fantasma branco a destacar das trevas, e agachado na raiz de um castanheiro.
– Ó Zé da Mónica, és tu? – perguntou o suspeito fantasma.
– Sou eu, tia Brites – respondeu o rapaz suspirando ofegante. – Credo! Que medo você me fez!
– Tu onde vás a esta hora?!
– Vou à cata de uma cabra. Você viu-a?
– Eu não. Olha lá, a tua ama Zefa também anda à procura da cabra?
– Àgora! A senhora Zefinha está doente há mais de mês e meio na cama.
– Isso sei eu; mas havia de jurar que a vi saltar agora o portelo da cortinha do rio! Se não era a Zefa era o demo por ela!