Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: CAPÍTULO VII

Página 88
CAPÍTULO VII

Julho findara com uma chuva refrescante e consoladora: - e eu pensava em. realizar finalmente a minha romagem às cidades da Europa, sempre retardada, através da Primavera, pelas surpresas do Mundo e da Carne. Mas, de repente, Jacinto começou a rogar e a reclamar que o seu Zé Fernandes o acompanhasse, todas as tardes, a casa de Madame d'Oriol! E eu compreendi que o meu Príncipe (à maneira do divino Aquiles, que sob a tenda, e junto da branca, insípida e dócil Briseis, nunca dispensava Patoclo) desejava ter, no retiro do Amor, a presença, o conforto e o socorro da Amizade. Pobre Jacinto! Logo pela manhã combinava pelo telefone com Madame d'Oriol essa hora de quietação e doçura. E assim encontrávamos sempre a superfina dama prevenida e solitária naquela sala da Rue de Lisbonne, onde Jacinto e eu mal cabíamos, sufocávamos na confusão, entre os cestos de flores, e os ouros rocalhados, e os monstros do Japão, e a galante fragilidade dos Saxes, e as peles de feras estiradas aos pés de sofás adormecedores, e os biombos de Aubusson formando alcovas favoráveis e lânguidas... Aninhada numa cadeira de bambu lacada de branco, entre almofadas aromatizadas de verberia da Índia, com um romance pousado no regaço, ela esperava o seu amigo, numa certa indolência passiva e mansa que me lembrava sempre o Oriente e um harém. Mas, pelas frescas sedinhas Pompadour, parecia também uma marquesinha de Versalhes cansada do Grande Século; ou então, com brocados sombrios e largos cintos cravejados, era como uma veneziana, preparada para um doge. A minha intrusão, na intimidade daquelas tardes, não a contrariava - antes lhe trazia um vassalo novo, com dois olhos novos para a contemplar. Eu era já o seu «cher Fernandez»!

E a apenas descerrava os lábios avivados de vermelho, semelhantes a uma ferida fresca, e começava a chalrar - logo nos envolvia o burburinho e a murmuração de Paris.

<< Página Anterior

pág. 88 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 88

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223