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Capítulo 24: CAPÍTULO XII

Página 134
CAPÍTULO XII

O médico, apressadamente chamado, declarou que não havia perigo. Carmen tinha tomado o veneno num preparado fraco, e numa porção diminuta. Podia porém recear-se que a sua extrema suscetibilidade nervosa, a exaltação dos seus espíritos, provocassem uma febre cerebral. Mas, ao despontar do dia, adormeceu, vencida por uma prostração absoluta, em que a vida só se fazia sentir pelos ais soluçados que se lhe desprendiam do peito.

Fui então ver a condessa. Não se tinha deitado. Ficara embrulhada num xaile, sentada aos pés da cama, numa atitude absorta de dor e de inercia que me encheu de piedade. Era dia. Mas as janelas conservavam-se fechadas, e as luzes ardiam melancolicamente. As jarras estavam cheias de flores.

Sobre uma pequena mesa havia um serviço de chocolate, de porcelana azul, para duas pessoas. O chocolate tinha arrefecido, as flores murchavam.

- Então? disse ela quando me viu.

- Então! ele está curado, e bom num mês. A condessa deve partir dentro de quinze dias.

- Ao menos quero dizer-lhe adeus… um momento, um instante que seja! Não me pode impedir isto: não mo impeça, não?

- De modo algum, prima. Eu mesmo lho facilito.

- E ela?

- Ela, minha prima? Entrei no quarto dela para a arrastar ao primeiro policeman que passasse. Saí jurando que em toda a parte aquela mulher me havia de achar ao seu lado para a defender e, se ela o quisesse, para a amar.

- Tem talvez razão. É uma verdadeira mulher.

- É mais do que isso, minha prima… Se alguma vez a paixão se encarnou neste mundo num aspeto divino foi naquela mulher. É a deusa da paixão. De resto tem a grande qualidade: - a logica.

Eu, na realidade, tomara por Carmen uma grande admiração! Eu, que na sua saúde e na sua beleza nunca lhe dissera uma palavra galante, era agora nas suas horas de dor e doença, o seu fiel cavalliere serviente.

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pág. 134 (Capítulo 24)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 134

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240