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Capítulo 27: CAPÍTULO XV

Página 149
CAPÍTULO XV

Cheguei ao fim das minhas confidências.

Quando desembarquei em Lisboa a condessa tinha ido para Sintra. Vi-a, ao fim desse verão, em Cascais. Ela mostrava-se alegre, o que era talvez uma maneira de estar triste! Cascais estava imbecilmente jovial: batia-se o fado! No inverno seguinte a condessa encontrou-se, em Paris e em Londres, com Ritmel. Voltou dessa viagem mais triste e mais pálida. Lentamente, pareceu-me que a confiança do seu coração se afastava de mim. Afastei-me, numa reserva discreta. Nunca mais nos nossos diálogos, todos exteriores e efémeros, se aludiu à viagem de Malta.

Eu, no entanto, continuava recebendo de Ritmel as cartas mais expansivas e mais íntimas. A nossa amizade, que a exaltação e o acaso das paixões formara, afirmava-se agora numa comunhão serena de sentimentos e de ideias. Numa dessas cartas Ritinel falava-me de miss Shorn, uma rapariga irlandesa…

«É uma neta dos bardos, uma sombra ossiânica, a alma da verde Erin!» dizia-me ele.

No começo desta primavera recebi uma carta de Ritmel que continha estas palavras:

«Parto para aí: um quarto livre e solitário na tua casa; bons charutos; uma casa afastada e livre num bairro pobre; um coupé escuro com bons stores; reserva e amizade. - Frater, Ritmel.»

Executei escrupulosamente as suas determinações.

Há sessenta dias, talvez, Ritmel chegou, no paquete de Southampton.

Pareceu-me mais triste, mais concentrado.

Havia certamente um segredo, uma preocupação, um cuidado qualquer, que habitava no seu peito. Esperei que ele se abrisse expansivamente comigo nalguma das longas horas íntimas, em que, no jardim da minha casa, falávamos na essência dos sentimentos. Nunca dos lábios dele saiu uma confidência: apenas duas ou três vezes o nome de miss Shorn, que segundo ele me disse, era uma relação recente da sua irmã, apareceu vagamente no indefinido da conversa.

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pág. 149 (Capítulo 27)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 149

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240