Entretanto, os gregos passaram a noite a chorar a morte de Pátroclo. Aquiles, sobretudo, não cessava de se lastimar. De pé, no meio dos guerreiros, lamentava:
— Na verdade, nem sempre os deuses estão dispostos a satisfazer os desejos dos mortais. Eu tinha prometido a Menécio, pai de Pátroclo, que lhe traria o filho coberto de glória e que juntos repartiríamos os despojos de Tróia. E agora ele está morto. Eu também não regressarei à casa de Peleu, pois é meu destino morrer longe da pátria. Mas não descansarei, nem meu amigo será enterrado, enquanto não lhe trouxer as armas e a cabeça de Heitor.
Tendo assim falado, ordenou Aquiles aos companheiros que pusessem um grande recipiente ao lume e aquecessem água para que, sem demora, se lavasse o corpo de Pátroclo. Em seguida, untaram-no com um precioso óleo e cobriram-no com um fino lençol.
Enquanto isto se passava na terra, no Olimpo a mãe de Aquiles dirigia-se à morada de Vulcano, o ferreiro dos deuses. Encontrou-o muito atarefado no fabrico de vinte magníficas trípodes, destinadas a ornamentar um dos principais salões do Olimpo. Tinham rodinhas de ouro nos pés, de modo que podiam andar sozinhas pelos aposentos do palácio e dirigirem-se para os seus lugares sem precisar de guia. Estava Vulcano ocupado nessa tarefa quando Tétis entrou na forja, de modo que não a viu. Foi a bela Cáris esposa do ilustre ferreiro, quem veio rebarba-la tomando-a pela mão, disse-lhe
— Ó deusa que tanto aprecio, qual o motivo da tua amável visita? Diz-nos o que desejas e teremos todo o prazer em servir-te.
Assim falando, levou Tétis para o interior da casa e fê-la sentar-se num magnifico trono de prata. Depois chamou o marido:
— Vem depressa, Vulcano, mesmo como estás. Tétis deseja falar-te.