No nono ano da guerra contra Tróia deu-se uma catástrofe contra os gregos.
Pouco tempo antes, tinham saqueado a cidade de Lirnesso, situada na parte sudoeste da costa troiana. A maior parte da luta foi empreendida por Aquiles, o melhor guerreiro grego, filho de Peleu, rei de Ftia, e pelos mirmidões, soldados do mesmo rei, que fizera muitos prisioneiros e grandes pilhagens.
Entre os cativos encontrava-se Briseida que, na partilha do saque, foi escolhida para ser escrava de Aquiles.
Logo a seguir a isto, Tebas, cidade vizinha de Lirnesso, foi tomada pelos gregos; o maior quinhão das coisas apreendidas coube, como de costume, a Agamémnon, ilustre rei da Grécia, irmão de Menelau, que era o maior interessado na guerra. Entre os prisioneiros, foi escolhida uma bonita donzela chamada Criseida para ser escrava de Agamémnon, que a levou no seu navio para o acampamento grego na costa troiana.
Criseida era filha de Cises, sacerdote do templo do deus Apolo, homem de posses e muito conceituado. Tomado de grande pesar pela perda da filha, Crises resolveu partir das ruínas de Tebas com grande provisão de ouro e prata, com a finalidade de a resgatar aos gregos.
Na costa de Tróia, os gregos tinham disposto os seus navios em três linhas ao longo da praia, entre duas línguas de areia: os cinquenta navios dos mirmidões, fundeados mais para ocidente, e os de Ájax, filho do rei Télamon, ancorados no extremo leste. Entre os navios de Aquiles e os de Ájax, havia outros dispostos em três filas, pois a extensão plana da costa não era suficientemente longa de molde a que pudessem ficar todos numa única fila.