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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 67

Quando em Dezembro, os pés de John Thornton lhe gelaram, os companheiros rodearam-no de todo o conforto e, deixando-o convalescente, partiram rio acima, a cortar madeiros, que mais tarde transportariam numa jangada para Dawson. Ainda coxeava ligeiramente quando acorreu em socorro de Buck, mas com a continuação do bom tempo até esse leve coxear desapareceu. E foi ali, deitado na margem do rio durante os compridos dias de Primavera, com os olhos fixos na água corrente, ouvindo preguiçosamente o cantar dos pássaros e o sussurro da natureza, que Buck, a pouco e pouco, foi recuperando as forças.

Um descanso é sempre bem-vindo após três mil milhas percorridas, e, verdade seja dita, Buck tornava-se preguiçoso à medida que lhe saravam as feridas, lhe enrijavam os músculos e a carne voltava a cobrir-lhe os ossos. Lá isso, todos eles mandriavam — Buck, John Thornton e Skeet e Nig — enquanto esperavam pela jangada que os levaria, rio abaixo, até Dawson. Skeet era uma pequenina setter irlandesa, que depressa travou amizade com Buck, quando este, ainda moribundo, se encontrava incapacitado de resistir às suas primeiras tentativas de aproximação. Ela possuía aquela particularidade, comum a alguns cães, de se armar em curandeira; e, tal como a gata que lava os seus filhinhos, assim ela lavava e limpava as feridas de Buck. Regularmente, todas as manhãs, após ele ter acabado o seu pequeno-almoço, ela desempenhava junto dele a tarefa que a si mesma impusera, de tal forma que Buck passou a desejar os seus cuidados tanto como os de Thornton. Nig, igualmente amistoso, embora menos expansivo, era um enorme cão preto arraçado de galgo, com uma expressão alegre nos olhos e uma boa disposição sem limites.

Para surpresa de Buck, estes cães não mostravam ter ciúmes dele. Pareciam partilhar da bondade e liberalidade de John Thornton. A medida que Buck se ia fortalecendo, eles desafiavam-no para toda a espécie de brincadeiras ridículas, nas quais o próprio John Thornton não resistia a tomar parte; e, deste modo, Buck passou rapidamente da convalescença para uma vida nova. Pela primeira vez o amor, aquele amor genuíno e apaixonado, o habitava. Nunca sentira coisa semelhante lá no sítio do juiz Miller, no soalheiro vale de Santa Clara. Com o filho do juiz, caçando e vagabundeando, não passara de uma simples camaradagem; com os netos do juiz, de uma espécie de pomposa protecção; com o próprio juiz, de uma amizade solene e digna. Mas o amor febril e ardente, admiração e loucura, coubera a John Thornton despertar-lho.

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Capa do livro O apelo da floresta
Páginas: 99
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 6 67
Capítulo 7 82
Capítulo 1 1
Capítulo 2 13
Capítulo 3 23
Capítulo 4 39
Capítulo 5 50