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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 44

Que aparência estranha têm as palavras escrevinhadas no topo da página vazia do meu livro! Mais estranho ainda é ter sido eu, Edward Malone, a escrevê-las - eu que tinha saído há apenas doze horas dos meus aposentos em Streatham sem imaginar os prodígios que o dia traria! Recordo a cadeia de incidentes, a minha conversa com McArdle, a primeira nota de alarme de Challenger no The Times, a viagem absurda no comboio, o agradável almoço, a catástrofe, e agora chegou a isto - estamos sozinhos num planeta vazio, e o nosso destino é tão certo que posso olhar para estas linhas escritas pelo hábito profissional mecânico e que nunca serão vistas por olhos humanos, como as palavras de uma pessoa que já está morta, tão perto que está da fronteira sombria que todos, excepto este pequeno círculo de amigos, já atravessaram.

Entendo agora como foram sábias e verdadeiras as palavras de Challenger quando disse que a verdadeira tragédia seria se nós ficássemos para trás depois de tudo o que é nobre e bom ter desaparecido. Mas não corremos qualquer perigo de que isso aconteça. O nosso segundo tubo de oxigénio já está a chegar ao fim. Podemos contar os pobres fôlegos das nossas vidas quase até ao minuto.

Acabámos de ouvir uma palestra, que demorou um bom quarto de hora, de Challenger, que estava tão excitado que troou e berrou como se estivesse a dirigir-se às suas velhas fileiras de cépticos científicos no Queen’s Hall Não há dúvida de que ele tinha uma estranha audiência para discursar: a mulher perfeitamente aquiescente e absolutamente ignorante do que ele queria dizer, Summerlee sentado à sombra, quezilento e crítico, mas interessado, Lorde John sentado num canto e um pouco aborrecido com todo aquele procedimento, e eu próprio ao lado da janela a observar o cenário com uma espécie de atenção alheada, como se tudo não passasse de um sonho ou de algo em que não tinha qualquer interesse pessoal. Challenger estava sentado à mesa central, com a luz eléctrica a iluminar a lâmina sob o microscópio que tinha trazido do seu quarto de vestir. O pequeno círculo forte de luz branca do espelho iluminava metade da sua face barbada com um grande brilho, e a outra metade ficava na mais profunda escuridão. Parecia que ultimamente ele andara a trabalhar nas formas mais baixas de vida, e o que o excitava naquele momento era que na lâmina do microscópio preparada no dia anterior encontrara uma ameba que ainda estava viva.

- Podem ver com os vossos próprios olhos - repetia constantemente, numa grande excitação. - Summerlee, quer aproximar-se e satisfazer a sua curiosidade em relação a este ponto?

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Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 44

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65