Sempre gostei de McArdle, o nosso velho redactor-chefe resmungão amarrecado, ruivo. Tinha a esperança de que ele também gostasse de mim. Claro, Beaumont era o verdadeiro patrão, mas vivia na atmosfera rarefeita de um Olimpo especial de onde nada distinguia a não ser uma crise internacional ou uma alteração ministerial. Às vezes víamo-lo passar na sua majestade solitária a fim de se dirigir para o seu santuário privado: tinha os olhos vagos porque o espírito lhe errava nos Balcãs, sobre o golfo Pérsico. Dominava-nos muito do alto, de tão alto que ficava à parte. Mas McArdle era o seu primeiro imediato, e era ele que nós conhecíamos. Quando penetrei no seu escritório, o velhote fez-me sinal com a cabeça e puxou os óculos para a testa desguarnecida.
- Mr. Malone - disse-me com o seu forte sotaque escocês -, parece-me que, segundo tudo o que me foi relatado a seu respeito, o senhor trabalha muito bem.
Agradeci-lhe.
- A explosão nas minas era excelente. Excelente também o incêndio em Southwark. O senhor é dotado para a descrição. Porque deseja falar comigo?
- Para pedir-lhe um favor.
Pareceu-me inquieto; os seus olhos desviaram-se dos meus. - Mau, mau, mau! De que se trata?
- O senhor acha que poderia enviar-me para uma grande reportagem, confiar-me uma missão para o jornal? Farei o melhor que puder para consegui-la e relatar-lhe como tudo se passou.
- Que género de missão meteu na cabeça, Mr. Malone?