Contei ou, talvez não o tenha dito, porque a memória não me tem sido muito fiel nestes dias, que ficara extremamente lisonjeado quando os meus três companheiros me haviam agradecido por ter salvo a situação (ou, pelo menos, por tê-la melhorado grandemente). Eu era o benjamim da equipa: o mais jovem tanto no plano da Idade como no da experiência, do carácter, do saber, de tudo o que faz um homem. Assim, eu ficara um pouco eclipsado ao princípio. Mas agora entrara na posse da minha personalidade: esta Ideia aquecia-me o coração. Ai de mim! Este contentamento vaidoso acresceu a confiança que em mim fazia e daí resultou a aventura mais atroz da minha vida, uma comoção que ainda me alanceia o coração quando penso nela.
Eis os factos. Tinha ficado exageradamente excitado com as minhas descobertas na copa da árvore, e o sono fugia-me. Summerlee estava de guarda; achava-se sentado junto da fogueira, curvado, seco, pitoresco, com a sua barbicha pontiaguda que se agitava ao menor gesto da cabeça. Lorde John, envolto no seu poncho sul-americano, encontrava-se deitado ao comprido, em silêncio. Challenger alternava o ribombar do trovão com uma suave matraca: os seus roncos repercutiam-se nos bosques. A lua cheia brilhava' o ar estava fresco; que noite ideal para caminhar! De súbito, um pensamento atravessou-me o espírito. Porque não?... Se saísse furtivamente? Se descesse até ao lago central? Se regressasse à hora do pequeno-almoço com um bom relatório acerca do local? Não passaria a ser, então, um participante válido?