Tendo em conta os choques físicos consecutivos à minha primeira conversa com o Professor Challenger, e os choques mentais que suportei no decurso da segunda, sentia-me bastante desmoralizado - como jornalista, naturalmente! - quando cheguei de novo a Enmore Park. Tinha dores de cabeça, mas essa cabeça abrigava uma ideia: na história daquele homem havia verdade, verdade de consequências formidáveis, verdade que fornecia assunto sensacional para a Gazette quando fosse autorizado a divulgá-la. Esperava-me um táxi ao fundo da rua; saltei para dentro e mandei seguir para o jornal. Como de costume McArdle estava no seu posto.
- Então? - exclamou muito impaciente. - Como se apresentam as coisas?... - Salta à vista, meu jovem, que andou metido na guerra! Apanhou um soco?
- Ao princípio tivemos um pequeno diferendo.
- Que homem! O que você fez?
- Ora bem, ele tornou-se mais razoável e conversámos. Mas não lhe arranquei nada... enfim, nada que seja publicável.
- Não estou assim tão certo como você! Ele pôs-lhe, um olho negro e o caso merece ser publicado... Não podemos aceitar este reino de terror, Mr. Malone! É preciso trazer o nosso homem às suas justas proporções. Amanhã vou ocupar-me dele num pequeno editorial... Dê-me simplesmente algumas indicações e marcá-lo-ei com um ferro em brasa para o resto dos seus dias. O professor Münchhausen... não está mal para um título de caixa alta, pois não? .. Sir John Mandeville ressuscitado... Cagliostro... Todos os impostores e tiranos da história. Revelarei o trapaceiro que ele é!