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Capítulo 3: Capítulo III

Página 58
Com certo grau de certeza, temia que a qualquer momento a tensão geral se descarregasse num ataque à sua pessoa, e aguardava-o. Nem sequer assustou com o barulho que o violino, que escorregou do colo da mãe e caiu no chão.

- Queridos pais - disse a irmã, batendo com a mão na mesa, - à guisa de intróito as coisas não podem continuar neste pé. Talvez não percebam o que se está a passar, ma eu percebo. Não pronunciarei o nome do meu irmão na presença desta criatura e, portanto, só digo isto: temos que ver-nos livres dela. Tentávamos cuidar desse bicho e suportá-lo até onde era humanamente possível, e acho que ninguém tem seja o que for a censurar-nos.

- Ela tem toda a razão, - disse o pai, de si para si.

A mãe, que estava ainda em estado de choque por causa da falta de ar, começou a tossir em tom cavo, pondo a mão à frente da boca, comum olhar selvagem.

A irmã correu para junto dela e amparou-lhe a testa. As palavras de Grete pareciam ter posto termo aos pensamentos errantes do pai. Endireitou-se na cadeira, , tateando o boné da farda que estava junto aos pratos dos hóspedes, ainda na mesa, e, de vez em quando, olhava para a figura imóvel de Gregório.

- Temos que nos ver livres dele - repetiu Grete, explicitamente, ao pai, já que a mãe tossia tanto que não podia ouvi uma palavra. - Ele ainda será a causa da sua morte, estou mesmo a ver. Quando se tem de trabalhar tanto como todos nós, não se pode suportar, ainda por cima, este tormento constante em casa. Pelo menos, eu já não aguento mais. - E pôs-se a soluçar tão dolorosamente que as lágrimas caíam no rosto da mãe, a qual as enxugava mecanicamente.

- Mas que podemos nós fazer, querida? - perguntou o pai, solidário e compreensivo.

A filha limitou-se a encolher os ombros, mostrando a sensação de desespero que a dominava, em flagrante contraste com a segurança de antes.

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Capa do livro A Metamorfose
Páginas: 66
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo I 1
Capítulo II 23
Capítulo III 45