Farsa de Inês Pereira - Cap. 2: Farsa de Inês Pereira Pág. 19 / 42

Falamos a Badajoz,

Musico, discreto, solteiro;

Este fôra o verdadeiro,

Mas soltou-se-nos da noz.

Fomos a Vilha Castim,

E falou-nos em latim:

Vinde ca daqui a hum’hora,

E trazei-m’essa senhora.

INES

Assi que he tudo nada enfim!

VIDAL

Esperae, aguardae ora.

Soubemos d’hum escudeiro

De feição d’atafoneiro,

Que virá logo essora,

Que fala, e como ora fala

Qu’estrugirá esta sala,

E tangem e como ora tange

E alcança quanto abrange,

E se preza bem da gala.

Vem o Escudeiro com seu Moço, que lhe traz ua viola, e diz:

ESCUDEIRO

Se esta senhora he tal

Como os Judeos ma gabárão,

Certo os anjos a pintarão,

E não pôde ser hi al.

Diz que os olhos com que via

Forão de Sancta Luzia,

E cabelos de Madanela.

Se fosse moça tão bela,

Como donzela sería?

Moça de vila será ella

Com sinalzinho postiço,

E sarnosa no toutiço,

Como burra de Castella.





Os capítulos deste livro