Frei Luís de Sousa - Cap. 1: Acto Primeiro Pág. 14 / 122

MADALENA

- Não; credo!

TELMO

(misterioso)

- Bem sei que não. Queria-vos muito; e a sua primeira visita, como de razão, seria para minha senhora. Mas não se ia sem aparecer também ao seu aio velho.

MADALENA

- Valha-me Deus, Telmo! Conheço que desarrazoais; e contudo as vossas palavras metem-me medo… Não me façais mais desgraçada.

TELMO

- Desgraçada! Porquê? Não sois feliz na companhia do homem que amais, nos braços do homem a quem sempre quisestes mais sobre todos? Que o pobre de meu amo… respeito, devoção, lealdade, tudo lhe tivestes, como tão nobre e honrada senhora que sois… mas amor!

MADALENA

- Não está em nós dá-lo, nem quitá-lo, amigo.

TELMO

- Assim é. Mas os ciúmes que meu amo não teve nunca - bem sabeis que têmpera d’alma era aquela - tenho-os eu… aqui está a verdade nua e crua… tenho-os eu por ele.





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