Hop-Frog - Cap. 1: Hop-Frog Pág. 7 / 12

- Há-de ser bem feito! - disse o rei endireitando-se e baixando as pálpebras.

- A beleza do jogo - continuou Hop-Frog - reside no pânico que causa entre as mulheres.

- Óptimo! - rugiram em coro o monarca e os ministros.

- Vou vesti-los de orangotangos - prosseguiu o anão. - Deixem isso comigo. Têm de ficar tão parecidos que todos os convivas os tomem por verdadeiros animais, e, claro, vão ficar tão admirados como assustados.

- Oh!, que maravilha! - exclamou o rei. - Hop-Frog, ainda hei-de fazer de ti um homem.

- As correntes destinam-se a aumentar mais ainda a confusão com o tilintar que fazem. Faz-se de conta que fugiram em massa aos vossos guardas. Vossa Majestade nem imagina o efeito causado num baile de máscaras por oito orangotangos cobertos de cadeias que a maior parte das pessoas imagina serem verdadeiros; e que se precipitam com gritos selvagens sobre as mulheres e os homens delicada e elegantemente vestidos. O contraste é inimitável.

- Pois tem de ser! - disse o rei, e todos se levantaram apressadamente (estava a fazer-se tarde) para pôr em execução o esquema de Hop-Frog.

A sua ideia de vestir toda a gente de orangotango era muito simples, mas servia eficazmente os seus objectivos. Os animais em questão eram, na época em que se passa a minha história, pouco conhecidos no mundo civilizado, e como as imitações feitas pelo anão eram suficientemente animalescas e mais que suficientemente horrendas, achou-se que correspondiam bem à verdade da natureza. O rei e os ministros foram primeiro enfiados em calções e camisas de malha muito justas. Em seguida pintaram-nos de alcatrão. Nesta fase do processo alguém sugeriu que se usassem penas; mas a sugestão foi rapidamente afastada pelo anão, que convenceu os oito, com provas oculares, que o pêlo do orangotango era mais fielmente representado por estrigas de linho.





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