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Capítulo 23: A ilha de Monte-Cristo

Página 185
Capítulo XXIII - A ilha De Monte-Cristo

Finalmente, por uma dessas sortes inesperadas que às vezes têm aqueles sobre os quais o rigor do destino se encarniçou durante muito tempo, Dantès ia alcançar o seu objectivo por um meio simples e natural e pôr o pé na ilha sem inspirar a ninguém qualquer suspeita.

Apenas uma noite o separava dessa partida tão esperada.

Essa noite foi uma das mais febris que passou Dantès. Durante ela, todas as possibilidades boas e más lhe acudiram alternadamente ao espírito. Se fechava os olhos, via a carta do cardeal Spada escrita em caracteres chamejantes na parede; se adormecia um instante, os sonhos mais insensatos vinham fervilhar-lhe no cérebro. Descia as grutas pavimentadas de esmeraldas, de paredes de rubis e estalactites de diamantes. As pérolas caiam gota a gota, tal como habitualmente se filtra a água subterrânea.

Arrebatado, maravilhado, Edmond enchia as algibeiras de pedrarias. Depois regressava à luz do dia e as pedrarias transformavam-se em simples seixos. Então, procurava tornar a entrar nas grutas maravilhosas, apenas entrevistas. Mas o caminho torcia-se em espirais infinitas e a entrada voltara a ser invisível. Procurava em vão na memória fatigada a palavra mágica e misteriosa que abria ao pescador árabe as cavernas esplêndidas de Ali- Babá. Tudo era inútil; o tesouro desaparecido tornara-se novamente propriedade dos génios da terra, aos quais tivera por instantes a esperança de o arrebatar.

O dia rompeu quase tão febril como o fora a noite; mas trouxe a lógica em auxílio da imaginação e Dantès conseguiu fixar um plano até ali vago e flutuante no seu cérebro.

Veio a noite e com a noite os preparativos da partida. Esses preparativos eram um meio de Dantès ocultar a sua agitação. Pouco a pouco adquirira sobre os companheiros autoridade de comandar como se fosse senhor do navio; e como as suas ordens eram sempre claras, precisas e fáceis de executar, os companheiros obedeciam-lhe não só com prontidão, mas também com prazer.

O velho marinheiro deixava-o agir. Também ele reconhecera a superioridade de Dantès sobre os seus, outros marinheiros e sobre ele próprio. Via no rapaz o seu sucessor natural e lamentava não ter uma filha para prender Edmond por meio dessa aliança.

Às sete horas da noite ficou tudo pronto; às sete e dez dobrava-se o farol, precisamente no momento em que o farol se acendia. O mar estava calmo, com vento fresco soprando do sudeste. Navegava-se sob céu azul, onde Deus acendia também alternadamente os seus faróis, cada um deles um mundo.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 185

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069