O olhar do paralítico permaneceu imóvel, e por consequência mudo, o que significava: «Persisto na minha vontade.»
- Para nos pregar alguma partida, não? - insinuou Villefort. - Valerá a pena?
- Mas enfim - interveio Barrois, pronto a insistir, com a perseverança dos velhos criados -, se o senhor quer um notário é aparentemente porque precisa dele. Portanto, vou buscar um notário.
Barrois não reconhecia outro amo a não ser Noirtier e nunca admitia que as suas vontades fossem contestadas em nada.
- Sim, quero um notário - teimou o velho, fechando os olhos e mar de desafio e como se dissesse: «Vejamos se se atrevem a recusar o que quero.»
- Terá um notário, uma vez que o deseja absolutamente, senhor, mas desculpar-me-ei junto dele, assim como o senhor mesmo terá de se desculpar, porque a cena será muitíssimo ridícula.
- Não importa - redarguiu Barrois. - Mesmo assim, vou buscá-lo.
E o velho servidor saiu triunfante.