Sei que maneja muito bem a espada e que eu a manejo sofrivelmente; sei que acerta três vezes no alvo em seis tiros, o mesmo que consigo, pouco mais ou menos, e sei que um duelo entre nós será um duelo sério, porque o senhor é valente e eu... também o sou. Não quero portanto arriscar-me a matá-lo ou a ser eu próprio morto pelo senhor sem um motivo. Agora sou eu que lhe vou fazer uma pergunta e categoricamente: exige essa retractação a ponto de me matar se a não fizer, embora lhe tenha dito, e repita, embora lhe afirme sob a minha palavra de honra que não conhecia a notícia, e embora lhe declare finalmente que é impossível a qualquer outro que não possua, como o senhor, o dom de adivinhar de Jafeth descobrir o Sr. Conde de Morcerf sob esse nome de Fernand?
- Exijo-a absolutamente.
- Muito bem, meu caro senhor, consinto em cortar o pescoço consigo, mas quero três semanas; daqui a três semanas irei procurá-lo para lhe dizer: «Sim, a notícia é falsa e desminto-a»: ou: «Sim, a notícia é verdadeira», e tiro as espadas da bainha ou as pistolas da caixa, à sua escolha.
- Três semanas! - exclamou Albert. - Mas três semanas são três séculos durante os quais estarei desonrado!
- Se o senhor continuasse a ser meu amigo, dir-lhe-ia: «Paciência, amigo.» Mas como prefere ser meu inimigo, digo-lhe: «Que me interessa isso a mim senhor?!»
- Está bem, seja daqui a três semanas - concordou Morcerf. - Mas não se esqueça: daqui a três semanas não haverá mais adiamentos, nem subterfúgio que o possa dispensar...
- Sr. Albert de Morcerf - atalhou Beauchamp, levantando-se por sua vez -, só o posso atirar pela janela daqui a três semanas, isto é, dentro de vinte e quatro dias, portanto em 21 do mês de Setembro. Até lá, acredite, e é um conselho de gentil-homem que lhe dou, poupemo-nos os ladridos de dois cães presos à distância.
E Beauchamp cumprimentou gravemente o jovem, virou-lhe as costas e dirigiu-se para a tipografia.
Albert vingou-se numa pilha de jornais, que espalhou, fustigando-os raivosamente com a badine. Em seguida retirou-se, não sem se virar duas ou três vezes para a porta da tipografia.
Enquanto Albert fustigava a dianteira do seu cabriolé, depois de fustigar os inocentes papéis enegrecidos que não tinham culpa do seu desaire, viu, atravessando o bulevar, o capitão Morrel, que, de cabeça erguida, olhos brilhantes e braços a dar a dar, passava diante dos banhos chineses vindo das bandas da Porta Saint-Martin e indo para os lados da Madalena.
- Ah, ali vai um homem feliz! - disse, suspirando.
E por acaso Albert não se enganava.