Pombinha ergueu-se de um pulo e abriu de carreira para casa.
No lugar em que estivera deitada o capim verde ficou matizado de pontos vermelhos. A mãe lavava à tina, ela chamou-a com instância, enfiando cheia de alvoroço pelo número 15. E ai, sem uma palavra, ergueu as saias do vestido e expôs a Dona Isabel as suas fraldas ensanguentadas.
— Veio?! perguntou a velha com um grito arrancado do fundo d’alma.
A rapariga meneou a cabeça afirmativamente, sorrindo feliz e enrubescida.
As lágrimas saltaram dos olhos da lavadeira.
— Bendito e louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! exclamou ela, caindo de joelhos defronte da menina e erguendo para Deus o rosto e as mãos trêmulas.
Depois abraçou-se às pernas da filha e, no arrebatamento de sua comoção, beijou-lhe repetidas vezes a barriga e parecia querer beijar também aquele sangue abençoado, que lhes abria os horizontes da vida, que lhes garantia o futuro; aquele sangue bom, que descia do céu, como a chuva benfazeja sobre uma pobre terra esterilizada pela seca.
Não se pôde conter: enquanto Pombinha mudava de roupa, saiu ela ao pátio, apregoando aos quatro ventos a linda noticia. E, se não fora a formal oposição da menina, teria passeado em triunfo a camisa ensanguentada, para que todos a vissem bem e para que todos a adorassem, entre hinos de amor, que nem a uma verônica sagrada de um Cristo.
— Minha filha é mulher! Minha filha é mulher!
O fato abalou o coração do cortiço, as duas receberam parabéns e felicitações. Dona Isabel acendeu velas de cera à frente do seu oratório, e nesse dia não pegou mais no trabalho, ficou estonteada, sem saber o que fazia, a entrar e a sair de casa, radiante de ventura. De cada vez que passava junto da filha dava-lhe um beijo na cabeça e em segredo recomendava-lhe todo o cuidado. “Que não apanhasse umidade! que não bebesse coisas frias! que se agasalhasse o melhor possível: e, no caso de sentir o corpo mole, que se metesse logo na cama! Qualquer imprudência poderia ser fatal!...” O seu empenho era pôr o João da Costa, no mesmo