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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 45
delas, indiferentes àqueles dois. Viam-se panelas ao fogo, sobre quatro pedras, ao ar livre, e rapazitos tratando do jantar dos pais. De mulher nem sinal. De vez em quando, na penumbra de um ensombro de lona, dava-se com um grupo de homens, comendo de cócoras defronte uns dos outros, uma sardinha na mão esquerda, um pão na direita, ao lado de uma garrafa de água.

— Sempre o mesmo serviço malfeito e mal dirigido!... resmungou o cavouqueiro.

Entretanto, a mesma atividade parecia reinar por toda a parte. Mas, lá no fim, debaixo dos bambus que marcavam o limite da pedreira, alguns trabalhadores dormiam à sombra, de papo para o ar, a barba espetando para o alto, o pescoço intumescido de cordoveias grossas como enxárcias de navio, a boca aberta, a respiração forte e tranquila de animal sadio, num feliz e pletórico resfolgar de besta cansada.

— Que relaxamento! resmungou de novo o cavouqueiro. Tudo isto está a reclamar um homem teso que olhe a sério para o serviço!

— Eu nada tenho que ver com este lado! observou Romão.

— Mas lá da sua banda hão de fazer o mesmo! Olará!

— Abusam, porque tenho de olhar pelo negócio lá fora...

— Comigo aqui é que eles não fariam cera. isso juro eu! Entendo que o empregado deve ser bem pago, ter para a sua comida à farta, o seu gole de vinho, mas que deve fazer serviço que se veja, ou, então, rua! Rua, que não falta por ai quem queira ganhar dinheiro! Autorize-me a olhar por eles e verá!

— O diabo é que você quer setenta mil-réis... suspirou João Romão.

— Ah! nem menos um real!... Mas comigo aqui há-de ver o que lhe faço entrar para algibeira! Temos cá muita gente que não precisa estar. Para que tanto macaqueiro, por exemplo? Aquilo é serviço para descanso; é serviço de criança! Em vez de todas aquelas lesmas, pagas talvez a trinta mil-réis...

— É justamente quanto lhes dou.

— ...melhor seria tomar dois bons trabalhadores de cinquenta, que fazem o dobro do que fazem aqueles monos e que podem servir para outras coisas! Parece que nunca trabalharam! Olhe, é já a terceira vez que

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pág. 45 (Capítulo 4)

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Capa do livro O Cortiço
Páginas: 239
Página atual: 45

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 16
Capítulo 3 27
Capítulo 4 39
Capítulo 5 47
Capítulo 6 53
Capítulo 7 61
Capítulo 8 76
Capítulo 9 89
Capítulo 11 126
Capítulo 12 138
Capítulo 13 147
Capítulo 14 156
Capítulo 15 165
Capítulo 16 175
Capítulo 17 186
Capítulo 18 190
Capítulo 19 196
Capítulo 20 208
Capítulo 21 216
Capítulo 22 227
Capítulo 23 234