CAPÍTULO VI – DIÁLOGO
A cruz dizia à terra onde assentava,
Ao vale obscuro, ao monte áspero e mudo:
- Que és tu, abismo e jaula, aonde tudo
Vive na dor, e em luta cega e brava?
Sempre em trabalho, condenada escrava,
Que fazes tu de grande e bom, contudo?
Resignada, és só lodo informe e rudo;
Revoltosa, és só fogo e hórrida lava…
Mas a mim não há alta e livre serra
Que me possa igualar!… amor, firmeza,
Sou eu só: sou a paz, tu és a guerra!
Sou o espírito, a Luz!… tu és tristeza,
Ó lodo escuro e vil! - Porém a terra
Respondeu: Cruz, eu sou a natureza!
1870