CAPÍTULO VIII - ET COELUM ET VIRTUS (A JAIME BATALHA REIS)
Dizem profetas, que esse céu perscrutam,
Que, às noites, entre as trevas condensadas,
Se tem visto brilhar ígneas espadas,
Como d’anjos hostis que entre si lutam…
E dizem que, na orla do infinito,
Entre os astros, se vê errar sem tino
Um espectro que traz fulgor divino,
Como o vulto dum deus triste e proscrito…
Entre os sóis passa o espectro gemebundo,
Murmurando morramos! aos sóis vivos,
E empena o brilho aos astros primitivos
De sua boca o alento moribundo…
Onde passou fez-se silêncio e escuro.
Seu manto sepulcral varre os espaços,
E arrasta, entre os celestes estilhaços,
A crença antiga e os gérmens do futuro!
Ó crença antiga! ó velho firmamento!
Como as almas vacilam e baqueiam!
E as lúcidas plêiadas volteiam,
Como a poeira que levanta o vento!
.