Nos combates de cavalaria, acontece muitas vezes que desmontem e se batam a pé; ensinaram os cavalos a continuar no lugar e depressa os alcançam se for necessário; nada na sua ideia é mais vergonhoso e dá prova de mais moleza que fazer uso de selas. Assim, seja qual for o seu pequeno número, atacam sem hesitar uma força numerosa cujos cavalos tenham selas. A importação do vinho é completamente proibida entre eles, porque acreditam que esta bebida enerva os homens e enfraquece a sua resistência.
III - Consideram que a maior glória de um Estado é fazer nas suas fronteiras o mais vasto deserto: isto significa que um grande número de nações é incapaz de resistir ao seu poder. Diz-se assim que de um lado das suas fronteiras os campos estão desertos num espaço de cerca de seiscentas milhas (64). Do outro, são vizinhos dos Úbios, povo outrora numeroso tão florescente quanto o pode ser um Estado germano: são um pouco mais civilizados que os outros povos da mesma raça, porque estão junto do Reno e porque os mercadores vão muito ao seu território, e também porque a vizinhança dos Gauleses os amoldou aos seus costumes. Os Suevos atacaram-nos muitas vezes, no decorrer de numerosas guerras, mas não puderam, por causa do seu poder e do seu número, expulsá-los do seu território; fizeram-nos, no entanto, seus tributários e reduziram-nos a um estado de grande abatimento e enfraquecimento.
IV - O mesmo aconteceu com os Usípetes e os Tencteros, atrás mencionados, que resistiram muito tempo aos ataques dos Suevos; mas, por fim, foram expulsos do seu território e, depois de terem errado três anos por muitas regiões da Germânia, chegaram ao Reno. Deu-se nas regiões habitadas pelos Menápios, que tinham numa e noutra margem do rio, campos, casas e burgos; mas, assustados pela chegada de tal multidão, abandonaram as casas que tinham para lá do rio e levantaram fortes deste lado do Reno, barrando o caminho aos Germanos.