Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: CAPÍTULO I

Página 11

- Então, rapariga? Qual foi dos nove? Diz lá. Tu que te queixaste é que algum embarrou por ti.

- Eu não me queixei... - murmurou a interrogada.

Verdadeiramente ela não se queixara. Foi o Zeferino, o filho do alferes da lamela, o mestre-pedreiro que andando a construir um canastro na eira do padre-mestre, observara que os estudantes rentavam à cachopa, e ajeitavam-se em atitudes abrejeiradas, como de quem espreita, quando ela subia a escada.

O denunciante ao pai de marta foi ele, o pedreiro abastado, não porque o espicaçassem nessa denúncia o zelo dos bons costumes, e um justo ódio às concupiscentes espionagens dos rapazes, mas porque gostava, deveras, da jovem. Ele passava já dos trinta e dois e era a primeira vez que sentia no coração as alvoradas do amor. Frei roque, averiguado o caso, advertiu o pedreiro que não fosse má-língua, que não andasse a difamar os seus discípulos, que se preparavam para o sacerdócio - uma coisa séria. O episódio acabaria assim menos mal, se dois dos estudantes, que se preparavam para o sacerdócio, mais fortes no fueiro que nas conjugações, desistissem de o moer a pauladas, uma noite num pinhal. O mestre-de-obras iniciou-se pelo martírio obscuro num amor que começava bastante mal. Ele nunca soube ao certo quem lhe batera, e atribuiu a sova a émulos na arte, covardes e misteriosos, por causa da construção de uma igreja que ele desdenhara, citando as regras do Vignola. Vinha a ser o desastre uma tunda por motivos de arquitetura - um martírio de artista. Invejas. Por causa da arte padecera o seu colega Afonso Domingues, o arquiteto da batalha, e João de Castilho, o do convento de tomar, e já tinha padecido seu mestre, o Manuel chasco, a quem inimigos quebraram a cabeça na feira dos 21, porque ele, desfazendo na obra de um colega, dissera que o botaréu de um cunhal estava torto.

<< Página Anterior

pág. 11 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 11

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196