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Capítulo 16: CAPÍTULO XV

Página 151
O dono gabava-se de só ter caído juntamente com ela poucas vezes. Saíram da feira conversando a respeito de marta. Constava aos outros que ela se quisera matar à conta do José dias. O Simeão achava que sim, que ela quisera atirar-se ao rio; mas que estava quase boa em Caldelas; que o vigário e mais a irmã lhe tinham dado um jeito ao miolo; e logo que ela estivesse fina, casava com o tio.

- E ele quere-la? - perguntou o bento de penso.

- Pois então!... Tomara-a ele já.

- Enfim - disse o bento - você há de perdoar que eu lhe diga o que tenho cá no sentido. O povo diz que o dias entrava lá de noite. Eu não vi, mas é o que diz o povo. Ora um homem sempre se atriga de casar com mulher de maus credos. O seu brasileiro pelos modos é de bom comer...

- Tem bom estômago, é o que é - confirmou o belchior da Rechousa.

O Simeão não estranhava estas franquezas muito triviais nas aldeias ainda imaculadas do resguardo das conveniências; mas defendia a honra da filha, atribuindo ao Zeferino as calúnias que espalhava para se vingar.

- Enfim - disse o belchior - você tinha-lha dado por quinze centos. É o que diz o povo, e palavra d'homem não torna atrás.

- Isso cá da minha parte foi chalaça... - defendia-se o Simeão, quando três homens, mascarados com lenços, fincando as argolas dos paus no caminho, saltaram de uma ribanceira, à frente das três éguas que caminhavam a passo. Um dos três jogou uma paulada à cabeça do Simeão e derrubou-o.

Os dois lavradores das éguas travadas deram de calcanhares e pareciam dois duendes de comédia mágica vistos à luz crepuscular. O caseiro abandonou as sogas dos bois, galgou paredes e searas em desapoderada fuga até Famalicão, e à entrada da vila gritou - aqui d'el-rei ladrões! Contou o sucesso ao povo alvorotado, acudiu a autoridade, encheu-se a estrada de gente em cata de Simeão e da malta dos ladrões.

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pág. 151 (Capítulo 16)

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 151

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196