Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: CAPÍTULO XV

Página 153
estava ainda com a face arregoada de sangue, vestido sobre a cama, resfolegando com muita ansiedade, gemendo com dores, e a cabeça um pouco elevada sobre um magro travesseiro muito comprido dobrado em três pelo vigário. Esperava-se o cirurgião. A filha teve um desmaio quando viu a cara ensanguentada do pai, à luz mortiça de uma vela de sebo numa placa de lata. D. Teresa, com a marta nos braços, disse ao irmão:

- Que miséria de casa! Pede luzes e água para se lavar aquele sangue.

E, assim que marta voltou a si, levou-a para o seu quarto - que a viria chamar quando o pai a pudesse ver. Queria retirá-la do espetáculo dos paroxismos.

Quando chegou a extrema-unção com o préstito clamoroso do bendito e o tilintar espacejado da campainha, marta carpia-se em altos gritos, e pedia que a deixassem despedir-se do seu pai.

Ela tinha ouvido dizer a uma das vizinhas que lhe invadiram a alcova: - quem lhe bateu, ó mulheres, não foi outro senão o Zeferino das lamelas. Juro que não foi outro. - esta afirmativa cravou-lhe no coração o remorso de ser ela a causa da morte do pai. Queda ir pedir-lhe perdão; rogava à sua amiga que pelas chagas de cristo a deixasse ir ajoelhar-se à beira do seu desgraçado pai. D. Teresa conteve-a, receando novo ataque de loucura; que esperasse que se fizesse o curativo; que o cirurgião não queria no quarto senão o barbeiro que lhe estava a rapar a cabeça.

Pouco depois chegava o tio Feliciano da quinta da retorta, onde residia assistindo às obras. Vinha aterrado. Disse ao Osório que já estava arrependido de comprar a quinta; que Portugal era uma ladroeira e um bando de facínoras; que se ia embora muito breve. E, entrando no quarto onde a sobrinha chorava, disse-lhe consternadamente que, se morresse o pai, fizesse de conta que tinha no seu tio um segundo pai.

<< Página Anterior

pág. 153 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 153

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196