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Capítulo 16: CAPÍTULO XV

Página 155
Uma desgraçada, que vinha assim a causar a morte do noivo e do pai.

O ferido teve uma intermitência de repousada vigília. Olhou para a filha, e disse-lhe que morria, que a deixava sem pai nem mãe. O Feliciano acudiu:

- Isso não lhe dê preocupação, mano Simeão. Nada lhe há de faltar. É minha sobrinha; não tenho mais ninguém neste mundo.

- Eu morria contente - balbuciou o Simeão lacrimoso - se ela fosse sua mulher...

Fez-se um silêncio esquisito. Marta abaixou os olhos; a D. Teresa olhou para o irmão a ver o que ele dizia; o padre Osório olhava para o brasileiro a ver como se expressavam as suas ideias; o Feliciano esperava que os outros dissessem alguma coisa. E então o pai de marta, aconchegando-a de si, com muita ternura:

- Casas com o teu tio, minha filha? É o último pedido que te faço...

Marta fez um gesto afirmativo, e caiu de joelhos, curvada sobre o leito, a soluçar; depois, deu um grito e escorregou para o chão, em convulsões, com o rosto muito escarlate e a boca a espumar. D. Teresa e o irmão conduziram-na ao seu quarto. Deitaram-na já sossegada, mas numa rigidez insensível, com a boca ligeiramente toda.

O cirurgião chegava nesta conjuntura e disse que a rapariga herdara a moléstia da mãe, que eram ataques epiléticos; e ao tio Feliciano disse-lhe particularmente que o pior da herança não era a epilepsia; era a demência que levou a mãe ao suicídio. Que a rapariga era fraca, e tinha sido criada com umas mimalhices de menina da cidade, que estragam o corpo e a alma; que era preciso ter muito cuidado com ela, não a afligir, distraí - la, casada, enfim, que seria bom casá-la, e dar-lhe vinagre a cheirar, quando viesse outro ataque, e ter cuidado que ela não apanhasse a língua entre os dentes; que lhe metessem um pano entre os dois queixos, quando lhe desse outro ataque.

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pág. 155 (Capítulo 16)

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 155

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196