Ele, muito carinhoso, com o monóculo no olho direito, a oferecer-lhe castanhas de ovos, toucinho do céu, a pegar-lhe da mão e a fazer-lhe festas no rosto muito corado de pudor. D. Teresa discretamente deixou-os sozinhos. A marta ficou a olhar para a porta por onde a amiga se evadira, e fazia uns gestos de quem meditava raspar-se; mas o marido tinha-a segura pelas mãos mimosas, beijando-lhas ambas com uma sensualidade delicada, um pouco babada, mas muito comedida, estendendo os beijos quentes e húmidos até aos pulsos lácteos e redondinhos. Marta, numa impassibilidade, não se recusava às carícias, e pareceu mesmo inclinar um pouco o rosto quando o esposo com um bom sorriso do amor dos quinze anos lhe pediu um beijinho, que foi mais demorado do que era de esperar da sua candura e da inexperiência de tais delícias. Estavam ambos rosados; mas o rubor de marta era carminado de mais e nos seus olhos havia uma rutilação vaga pela extensão da grande sala. Ela via a sombra de José dias: era o José dias em pessoa, dizia ela depois a D. Teresa, quando recuperou os sentidos, e não sabia como a transportaram para a cama da sua amiga. Apenas se lembrava de que o tio, depois que a beijara no rosto, a levara pelo braço e entrara com ela no seu quarto, apertando-a muito ao peito, levantando-a nos braços com muita força, não a deixando fugir e sufocando-lhe os suspiros com os beijos. Não se lembrava de mais nada. E D. Teresa, quanto cabia na sua alçada, contava-lhe o resto imperfeitamente; isto é, que o marido a fora chamar ao laranjal, um pouco aflito, dizendo que a sua esposa estava na cama sem sentidos; e pedia vinagre para lhe chegar ao nariz.
Padre Osório veio jantar e buscar a irmã. Observou no aspeto do brasileiro uma irradiação de felicidade, o júbilo de uni homem que se sentia impavidamente completo, na integridade da sua missão filogínica.