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Capítulo 22: CONCLUSÃO

Página 197
D. Teresa encarou-a com uma grande piedade, porque se convenceu então que estava perdida.

O Feliciano, quando ela se fechava no quarto, já sabia que estava a preparar-se o ataque; ia dormir noutra cama; necessitava do seu repouso, dizia ele; tinha de erguer-se cedo para ver o que faziam os jornaleiros, e não podia perder as noites. Como o arrependimento de se casar já o mortificava, evadia-se às irremediáveis apoquentações, olhando egoistamente para o seu bem - estar, e lembrando-se às vezes que, tendo uma mulher assim doente, não lhe seria muito desagradável ficar viúvo. Não obstante, como, passado o ataque epitético, a esposa recaia numa serena indolência, numa impassibilidade mansa e tranquila, o tio ia dormir com ela, tendo sempre em vista as condições do seu bem-estar, as necessidades imperiosas da sua fisiologia. Assim se explica a fecundidade de marta, que deu em sete anos cinco filhos ao seu marido. O médico já tinha explicado satisfatoriamente ao padre Osório que a demência de marta era funcional, e as qualidades reprodutoras não tinham que ver com as anormalidades cerebrais. A providência não teve a bondade de fazer estéreis as dementes.

Entretanto, aos três dias precedentes às crises epiléticas, parece que o marido lhe era repulsivo. Dava-se então a revivência de José Alves, o seu amado saia do sepulcro, e transportava - a nas suas asas de anjo ao paraíso de Prazins. D. Teresa, colando o ouvido à fechadura da porta, ouvia-a conversar como em diálogo, ficar silenciosa, depois de uma interrogação, por largo espaço de tempo; vinha de mansinho à porta espreitar que a não escutassem. Dizia palavras confusas, abafadas, cariciosamente proferidas, como se tivesse os lábios postos em contacto de um rosto amado. O nome de

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 197

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196