Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: CAPÍTULO III

Página 30
Porém, quando ele escalava a ladeira barrenta que se precipita ao sopé do monte, desciam em saltos de bezerros mordidos por vespeiros os seus homens, num turbilhão, acossados pelo tiroteio da companhia do ex-sargento Lopes - uns barbaçudos que pareciam gigantes no topo da colina, e davam uns berros clangorosos imitantes a mugidos de bois. O dia de juízo!

O Gaspar arrepiou carreira e desfilou por uma várzea alagada que ia esbeiçar com o rio. Como a banda do alferes vermelhava ao longe, e a espada a prumo no punho lhe dava uma caracterização jeitosa e provocante para alvejar as espingardas, as balas sibilavam-lhe por perto, chofrando nos pântanos. Alguns homens perseguiam-no chapinando no lameiral, porque o chefe dos tabacos, o Lopes, dizia-lhes:

“Oh rapazes, vede se matais aquele diabo que é o cabecilha!” Os mais veleiros levavam-no esfalfado, cambaleando, atortemelado, quando o viram desaparecer de súbito entre uma espessa moita de plátanos. Daí a instantes, abeirando-se à ourela do rio, viram a barretina e a niza de saragoça sobre uns cômoros ervecidos; e, a distância de dez varas, aquele bêbedo imortal atravessava o rio a nado, numa tarde de Dezembro, com a espada nos dentes, e a banda a tiracolo.

- Ó alma do diabo! - dizia o patarro de monte Córdova, cevando a arma com zagalotes para lhe atirar. - vou matar aquele pato bravo!

E o mais novo dos quatro, um imberbe que tinha pai:

- Não lhe atire, ó tio patarro! É um velho, coitado! Não lhe vê os cabelos brancos? Aquele homem não se deve matar. Ele vai morrer afogado antes de chegar à outra banda. Verá. Que raio de amizade ele tem à espada! Aquilo é que é!

A meio do rio, onde a veia de água resvalava mais impetuosa, deixou-se derivar sem esforço de natação. Mal bracejava.

<< Página Anterior

pág. 30 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 30

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196