Não tinha casaca. Desde a convenção de Évora monte, mandava fazer a Guimarães uns ferragoulos de mescla à laia de capote de soldado para o inverno; de verão, para equilibrar o calor artificial interno com o da atmosfera, andava em ceroulas e fazia leque da fralda. Por decência, fechava-se nos seus aposentos. Mandou chamar um alfaiate a braga, o cambraia da rua do souto, para se vestir à militar e à paisana.
Entretanto o Zeferino, um pouco desanimado, contou-lhe que o seu padrinho de barrimau e mais o frade não acreditavam que el-rei estivesse em calvos; que era uma comedela do Dr. Cândido de Anelhe e dos padres para apanharem cinquenta contos à D. Isabel maria; que os generais do Sr. D. Miguel não sabiam de nada.
O Cerveira lobo esfriou.
- Também me parece - dizia - que se o meu velho amigo D. Miguel aí estivesse, já me tinha mandado chamar.
Mas, depois que o bezerra de Bouro asseverou que beijara a mão de el-rei, o pedreiro e o tenente-coronel já não podiam duvidar. Combinou o fidalgo com Zeferino que partisse ele para Lanhoso, e dissesse ao capitão-mor que o levasse a calvos, e o abade que participasse a el-rei que estava ali um próprio com uma carta de vasco da Cerveira lobo, tenente-coronel de dragões.
- Assim que el-rei ouvir o meu nome, entras logo, imediatamente, num pronto. Depois, põe-te de joelhos. E entrega-lhe a carta, percebeste? Tu vais e trazes-me resposta. Por estes oito dias, o mais tardar, tenho cá o fardamento. No caso da sua majestade me mande ir, vou; se não, trato de chamar às armas cinco ou seis mil homens com que posso contar.
Zeferino, para evitar questões atrasadoras, não disse nada ao padrinho nem ao pai, receando as expansões usuais da carraspana.
O Cerveira dizia ao padre rocha, capelão de D.