Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: CAPÍTULO X

Página 98
Estava casado, e tinha dois filhos. Queria ir tentar a fortuna ao brasil, trabalhar em mangas de camisa, se fosse necessário. O veríssimo respondeu-lhe que o único favor que lhe podia fazer era tirar-lhe um dente de graça. Confidenciou-lhe as suas misérias mais íntimas; que aquela boa rapariga tinha gasto com ele quinze moedas e vendera o seu ouro; mas, tão generosa, tão honrada que nunca lhe vira no rosto uma sombra de tristeza. Que estava resolvido a ir estabelecer-se como dentista na província, logo que pudesse comprar o estojo, que custava 12$000 réis, e não os tinha.

- Se os não tens - disse o Torcato - minha mulher tem um cordão que pesa três moedas; para mim não lho pedia; mas para ti vou buscá-lo amanhã. - e acrescentou, de excelente humor:

- Deus permita que na terra onde te estabeleceres sejam tantas as dores de dentes que não tenhas mãos nem queixos a medir.

Saíram alegres do Tivoli. Sentiam-se bem aquelas duas organizações esquisitas. Havia ali duas almas que se amavam deveras, dois náufragos a quererem chegar um ao outro a mesma tábua de salvação. É nestes esgotos sociais que ainda, uma vez por outra, se encontram Pílades e Orestes.

O veríssimo morava atrás da sé, na rua da lada, uma casa de um andar, muito empenada, com o peitoril de ferro de uma única janela desencravado de uma banda, e uma porta viscosa e negra como a boca de um antro. Cearam todos. Havia cabeça de pescada cozida com cebolas, sardinhas fritas e pimentões. O nunes foi buscar duas garrafas da companhia de tostão à rua chã, e enfiou no braço uma rosca de Valongo, que comprou na bodega da caçoila, uma esmamaçada com cordões de ouro, que frigia peixe à porta e dava arrotos.

Cearam numa estúrdia de rapazes, como em braga, nove anos antes, na tasca do catrâmbias, na rua do alcaide.

<< Página Anterior

pág. 98 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 98

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196