CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO O padre que, no primeiro dia santificado, foi sacrificar no oratório doméstico de Alexandre Pimentel Moniz ia provido das necessárias licenças para receber os contraentes Bernardo Moniz e Ricardina Pimentel.
Os bacharéis formados, coevos de Bernardo, quando ouviram proferir o nome de um seu contemporâneo criminoso e já morto, apenas notaram a coincidência dos nomes. Quando o viram na carruagem do filho, nem leves traços lhe distinguiram do antigo académico. Bernardo tinha 47 anos, encanecidos como os 60 dos homens felizes.
Em 1867, quinze anos volvidos sobre o último acto desta narrativa, no grupo daquela família mais que muito remunerada dos esquecidos martírios, faltava o heroico, o respeitável, o chorado Norberto Calvo. Morrera com 82 anos, e foi sepultado com a banda de alferes e medalha de cavaleiro da Torre e Espada, prémios de serviço em África, os quais galardões custaram a Alexandre Moniz seis centos mil réis, com o que o ministro remunerador se galardoou, incitando destarte os brios dos soldados mantenedores da honra nacional nos presídios africanos.
À volta do cadáver do ancião não choravam somente as duas senhoras e os seus maridos. Viam-se três criancinhas, filhos de Alexandre, que agitavam na cama o seu velho morto, e chamando por ele, diziam:
- Norberto! Acorda! Anda brincar connosco!
Já daquele modo, a avó dos meninos, quando criança, o ia acordar debaixo das árvores, à hora da sesta, para lhe mostrar os ninhos das aves entre os salgueiros do rio. E, com estas recordações, ali à beira de Norberto morto, as lágrimas eram tantas que Bernardo Moniz perguntava à esposa:
- Quando deixaremos de chorar, Ricardina?
- Só não choram os que morrem... - respondeu ela.