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Capítulo 12: CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS

Página 75
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS

Às onze horas chegaram a Coimbra dois soldados de cavalaria a todo o galope, noticiando o assassínio dos doutores e a captura de cinco estudantes, devida ao povo das aldeias vizinhas, alvoroçadas pelos brados de uma mulher que testemunhara a carnificina, e aos soldados dos esquadrões do general Agostinho Luís, que passara na conjuntura de se apinhar o povo na estrada.

Os “divódis” ainda projetaram sair afinados ao encontro dos presos, e arrancá-los; mas paralisou-os não já o medo, se não a geral manifestação do ódio público a tão covarde feito. Além disso, a máxima parte da academia liberal, não juramentada no clube republicano, estigmatizou a protérvia, ao mesmo passo que tremia de ir incorrer nas suspeitas da justiça.

Francisco Moniz estava na Rua da Calçada, quando a nova se divulgou. Foi um dos que incitaram o clube a um rasgo de heroica desesperação. Os aplausos esfriaram logo que os académicos realistas e a gente cordata saíram armados vociferando contra os assassinos .

Moniz foi encontrar o teólogo fulminado pela nova dos cinco presos. Ricardina, já também avisada pelo seu criado, pusera as mãos à frente dos dois irmãos de Bernardo, pedindo-lhes a verdade do que soubessem.

- Senhora - exclamou o médico - , tenha calma! A nossa situação é tão horrorosa, que eu não sei que lhe diga... senão “coragem”! Por tudo quanto há sagrado, lhe peço em nome de Bernardo que não agrave com as suas lástimas a deplorável situação em que nos vemos. Bernardo e mais doze mataram dois homens. Cinco foram presos. Não sabemos se ele aí vem nos cinco. Se não vier, há ainda esperanças de salvação... Se é um dos cinco - Ricardina já não ouviu a última condicional. Desfalecera, amparada nos braços de Francisco Moniz, quando caiu hirta e lívida, expedindo um arranco dilacerante.

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pág. 75 (Capítulo 12)

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Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 75

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177