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Capítulo 9: IX - Amores fatais

Página 41
IX - Amores fatais

Amava um que se habituara a contemplá-la como o espírito devoto contempla uma escultura da Virgem Maria, e com respeitoso temor imagina que os olhos da imagem fixos nos seus tem raios de luz viva e transluzem amor e misericórdia do coração divino.

Era um estudante que se habilitava para cursar a escola médico-cirúrgica do Porto. Era cunhado do merceeiro que provia a casa de D. Beatriz. Era irmão da mulher que costurava os vestidos das fidalgas, e ensinara a bordar D. Ângela. Chamava-se, curta e plebeiamente, Francisco José da Costa, e sabia que seu avô paterno tinha sido carpinteiro, e seu avô materno cozinheiro de um iate.

Ora um homem assim “mal-nascido” alguma jóia devia trazer preciosa dos inexauríveis tesouros de Deus.

Se nos ele sair bom e honrado coração, desculparemos a baixeza de instintos com que nos alvorece Ângela no seu primeiro amor.

A inocente não se escondia de D. Beatriz. Ensina a experiência que a candura e a indiscrição andam muito íntimas. A inocência ombreia com a inépcia. Não pode uma menina amar inocentemente senão as suas bonecas. Amores doutra espécie, desajudados de esperteza e finura, desfecham em escândalo ou sandice.

D. Beatriz, devotíssima de S. José, que carpintejava, e de S. Pedro, que pescava, e de S. Marcos, que mesinhava enfermos, e de S. Lucas, que pintava, e de S. Mateus, cobrador de impostos, e de S. Cassiano, mestre-escola, e de S. Teodoro, taverneiro - cristã a extremos de lavar os pés aos pobres em quinta-feira santa, - tranziu-se de horror frio quando teve a denúncia de que sua sobrinha amava o irmão de Joana Costa. A denúncia vinha justificada com uma carta dele, significativa de não ser a primeira, nem talvez a décima; porque o tratamento dado a uma filha de Simão de Noronha e de D.

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 41

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174