Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: XIII – Desamparo

Página 63
XIII – Desamparo

O Capelão obteve de galope as licenças necessárias para a clausura de Ângela.

D. Beatriz recusou ver a sobrinha, que lhe mandou pedir licença para despedir-se. Vitorina acompanhou-a.

Quando entraram no convento, já lá corria a notícia da fuga. Soror Cassilda de Noronha, irmã do general, estava prevenida por sua irmã. Recebeu glacialmente a sobrinha a quem aborrecia: era ódio reflexo de D. Maria d’Antas, causa indireta da sua forçada reclusão. Fora o caso que Simão de Noronha, resolvido a concubinar-se com a prima, removeu o estorvo da irmã, induzindo-a ou constrangendo-a a professar, já quando não podia consagrar ao divino esposo a virgindade do coração. Sem impedimento da mortalha, Soror Cassilda desforrou-se, bem que não saísse da classe, e da sua ordem, honra lhe seja; que os seus amados tinham sido todos frades beneditinos. Sem embargo, o ódio inveterado a Maria d’Antas foi semente maldita, que bracejou árvore, onde as aves infernais fizeram ninho. Cumpria à desditosa filha da pecadora tragar-lhe os frutos.

Para dobro de desgraça, o general foi avisado da fuga. A resposta do selvagem foi simples: “Não tenho filha”. Queria dizer: essa mulher que se sustente com o seu trabalho, ou sustente-a a caridade pública.

E, portanto, Ângela não tinha mesada. Cassilda dizia às suas criadas: “Dêem-lhe alguma coisa, se quiserem”. E Vitorina, que tinha cordões e arrecadas, vendeu o seu oiro, alegrando-se de ver transformado no pão de sua ama.

Foi terminantemente proibido à porteira entregar carta à recolhida, sem prévio exame da abadessa; a mesma condição estipulada para carta ida do convento.

Três dias depois, José Maria, o merceeiro cujos haveres não chegavam a pagar o débito de um conto de réis a D. Beatriz, foi intimado para pagar ou nomear bens à penhora.

<< Página Anterior

pág. 63 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 63

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174