Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: XI

Página 18
XI

Bernardo foi condenado à pena última. Ergueu-se uma forca nas proximidades do delito entre a casa do juiz e a de Francisco de Lucena.

Eulália exaltara-se no martírio até causar receios de loucura. Inspiravam-se de uma dor de morte as exclamações pungentes que soltava a cada ruído que ouvia semelhante ao arranco retraído dum justiçado. O espectáculo da forca era a sua ideia fixa desde o momento que uma religiosa imprudente lhe anunciou o destino de Bernardo da Silva.

A infeliz, na madrugada do dia da execução, fugiu da cela com os cabelos em desordem, com as faces chamejantes de febre, com os olhos embriagados de delito, e com o coração a estalar-lhe de uma dor que a endoidecia.

Chegando à portaria não houve forças humanas que a contivessem. Os ferrolhos cederam ao impulso duma fraca mulher, forte da sua desesperação; e esta virgem, com hábitos de noviça, e bela, na sua agonia, como um corpo epiléptico que se levanta amortalhado do esquife, corria por entre as multidões que principiavam a aglomerar-se para testemunharem o desconjuntar dos ossos do pescoço dum padecente entre as mãos do carrasco, seu irmão, ambos filhos do mesmo Deus, ambos reunidos pelo sangue do mesmo Cristo.

Viram-na as multidões passar; muitos a conheceram: alguns pronunciaram o seu nome, mas aquela pomba, ferida de morte, era um cadáver que se movia impelido pelo choque da pilha galvânica.

Erguera-se um alarido na cidade. As turbas corriam na direcção da infeliz, a quem chamavam douda; mas não ousou alguém embargar o passo àquela mulher que parecia fascinar com a majestade da sua demência.

Os que a seguiam esperavam vê-la entrar em casa de seu pai. Enganaram-se, Eulália subiu as escadas de Paulo Botelho, e entrou no salão onde fora lavrada a sentença de cadafalso para Bernardo da Silva.

<< Página Anterior

pág. 18 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Praga Rogada nas Escadas da Forca
Páginas: 29
Página atual: 18

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
I 2
II 3
III 4
IV 6
V 8
VI 9
VII 11
VIII 12
IX 14
X 17
XI 18
XII 20
XIII 22
XIV 23
XV 26
Conclusão 27