NOVEPois bem, voltemos ao Apocalipse tendo na ideia o seguinte: que ainda é, pelo seu movimento, uma das obras da velha civilização pagã; e encontramos nele, não o moderno método do pensamento progressivo mas o pagão e velho método rotativo da imagem-pensamento. Cada imagem descreve o seu pequeno círculo de acção e significado, sendo depois rendida por outra imagem. Assim é, em especial na primeira parte anterior ao nascimento do Filho. Todas as imagens são um idiograma, e cada leitor pode interligá-las de forma mais ou menos diferente. Ou antes, cada imagem pode ser diferentemente compreendida por cada leitor, de acordo com a sua reacção emocional. Não deixando, porém, de haver um plano ou esquema determinado e rigoroso.
Devemos lembrar-nos de que o velho método da consciência humana exige que se veja, de cada vez, qualquer coisa acontecer. E tudo concreto, sem abstracções. E tudo dá origem a outra coisa.
Para a antiga consciência, a Matéria ou as Coisas Substanciais são Deus. Um charco de água é Deus. E por que não? Quanto mais tempo vivemos, mais havemos de voltar à mais antiga de todas as visões. Uma grande pedra é Deus. Posso tocar-lhe. É uma coisa inegável. É deus.
Deste modo, as coisas que se movem são duplamente deus.