Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 25: Capítulo 25

Página 471

Num grupo ao pé da Casa Havanesa os questionadores politicavam: pronunciava-se o nome de Proudhon que, por esse tempo, se começava a citar vagamente em Lisboa como um monstro sanguinolento; e as invectivas rompiam contra Proudhon. A maior parte imaginava que era ele que tinha incendiado. Mas o poeta estimado das Flores e Ais acudiu dizendo "que, à parte as asneiras que Proudhon dizia, era ainda assim um estilista bastante ameno". Então o jogador França berrou:

- Qual estilo, qual cabaça! Se aqui o pilhasse no Chiado rachava-lhe os ossos!

E rachava. Depois do conhaque o França era uma fera.

Alguns moços, porém, a quem o elemento dramático da catástrofe revolvia o instinto romântico, aplaudiam a heroicidade da Comuna - Vermorel abrindo os braços como o Crucificado, e sob as balas que o traspassavam gritando: Viva a humanidade! O velho Delecluze, com um fanatismo de santo, ditando do seu leito de agonia as violências da resistência...

- São grandes homens! exclamava um rapaz exaltado.

Em redor as pessoas graves rugiam. Outras afastavam-se pálidas, vendo já as suas casas na Baixa a escorrer de petróleo e a mesma Casa Havanesa presa de chamas socialistas. Então era em todos os grupos um furor de autoridade e repressão: era necessário que a sociedade, atacada pela Internacional, se refugiasse na força dos seus príncipes conservadores e religiosos, cercando-os bem de baionetas! Burgueses com tendas de capelistas falavam da "canalha" com o desdém imponente dum La Tremouille ou dum Ossuna. Sujeitos, palitando os dentes, decretavam a vingança. Vadios pareciam furiosos "contra o operário que quer viver como príncipe". Falava-se com devoção na propriedade, no capital!

Doutro lado eram moços verbosos, localistas excitados que declaravam contra o velho mundo, a velha ideia, ameaçando-os de alto, propondo-se a derruí-los em artigos tremendos.

<< Página Anterior

pág. 471 (Capítulo 25)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Crime do Padre Amaro
Páginas: 478
Página atual: 471

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 10
Capítulo 3 19
Capítulo 4 45
Capítulo 5 59
Capítulo 6 77
Capítulo 7 93
Capítulo 8 111
Capítulo 9 123
Capítulo 10 142
Capítulo 11 182
Capítulo 12 204
Capítulo 13 217
Capítulo 14 236
Capítulo 15 272
Capítulo 16 290
Capítulo 17 313
Capítulo 18 319
Capítulo 19 344
Capítulo 20 361
Capítulo 21 376
Capítulo 22 395
Capítulo 23 425
Capítulo 24 455
Capítulo 25 469