CAPÍTULO V Ao terceiro dia de viagem do Ceilão, um dia antes de avistarmos Malta, um oficial inglês, ao almoço, lembrou que naquele dia fazia 28 anos o príncipe de Gales, quase todos os oficiais que estavam a bordo conheciam o príncipe, estimavam o seu carater, o seu temperamento eminentemente bironeano. Resolveram, com acedência do comandante, celebrar a data e valsar à noite, na tolda, à luz de um punch colossal.
O jantar foi já ruidoso; o Champagne resplandeceu como opala liquida nas taças facetadas; a pesada pale ale espumou; o Xerez ferveu na soda water. Carmen, pela sua beleza e pela estranha verve da sua agitação, foi a alegria daquele pesado e longo banquete de anos reais.
Houve toasts, à rainha e aos príncipes ingleses, ao lord-almirante, à companhia P. and O.; e um inglês rico fez um speech aos estrangeiros: the count and countess of W.
- Peço um toast, disse Carmen, de repente.
Os copos tiniram, estalaram as rolhas.
- À caçada do tigre! aos palanquins de cortinas brancas! aos caçadores que salvam as damas que têm à garupa!
A maior parte não compreendeu, alguns riram, mas como o toast era excêntrico, foi escoltado de aplausos.
- Oh! shocking! disse ao meu lado uma velha irlandesa, que tinha pelo amplo ventre do Purser uma fascinação concentrada.
- Not at all, Madam! disse eu, é apenas o sangue meridional. Aquela viveza, aqueles olhos luzentes, é o sangue meridional: se ela agora quebrasse todas as garrafas de encontro ao teto da sala, era o sangue meridional…
A inglesa escutava, como quem se instrui.
- … Se ela tomasse de repente a roda do leme e arremessasse o paquete contra um rochedo, era o sangue meridional; se ela ousasse arrancar com mãos impias os seus óculos, milady…
- Ouh! gritou ela.