Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 34: SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I

Página 191
No fim, queres que te diga? Acho-a insignificante. Bonitos cabelos, sim. Não se fala noutra coisa! Mas tu deves conhece-la…

- Porquê?

- Tem dançado com Catain Ritmel, parecem íntimos. Tu ris?

- Eu?

- Não… tu riste!

- Nunca rio, senão quando quero chorar, minha querida!

- Tiens, tiens! - murmurou ela, olhando muito para mim.

E afastou-se. O meu pobre coração ficou em desordem. às vezes, na nossa alma, toca-se de repente a rebate, e as desconfianças adormecidas, acordam, tomam as suas armas, e fazem sobre nós um fogo cruel.

- Catain Ritmel aproximara-se.

- Vem radiante, disse-lhe eu. Quem é miss Shorn?

Ele respondeu gravemente:

- É a amiga íntima da minha irmã.

Fomos dançar. Era uma quadrilha. Pareceu-me triste.

Os movimentos da dança lembravam-me as cerimónias de um culto. O meu ramo ficou espalhado pelo chão. Nesse instante, sem saber porquê, detestei Paris, o ruido, o império; desejei as sombras de Sintra, os retiros melancólicos de Belas, cheios dos murmúrios da água.

Quis sair. Numa das últimas salas uma mulher alta, loira, tomava das mãos de um velho extremamente magro e distinto a sua sortie de ball.

Catain Ritmel, que me dava o braço, inclinou-se ao passar junto dela, e falando baixo para mim:

- Miss Shorn! disse ele.

Era realmente linda. Grandes cabelos loiros, fortes, luminosos; os olhos largos, inteligentes, sérios; um corpo perfeito.

Nessa noite chorei. No meu quarto as luzes e o fogão estavam acesos. Entrei, fui ao espelho precipitadamente. Deixei cair dos ombros o burnous. Ergui a cabeça, olhei a medo. A minha imagem aparecia ao fundo do quadro num vapor luminoso. Achei-me feia. Olhei mais. Tinha os braços nus, a cabeça erguida em plena luz. Lentamente a consciência de que eu estava linda assim, penetrou-me, encheu-me de alegria.

<< Página Anterior

pág. 191 (Capítulo 34)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 191

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240