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Capítulo 39: CAPÍTULO VI

Página 213
CAPÍTULO VI

Ao outro dia eu devia encontrar-me com ele nessa fatal casa n.º… Fui, como sempre, toda vestida de preto, envolta num grande véu. Estava extremamente pálida, palpitava-me o coração de susto. Era aquele um momento de transe. Eu decidira ter com Ritmel uma explicação clara, definitiva, sem equívocos… Uma palavra que ele dissesse, seca ou indiferente, um gesto impaciente, e eu considerar-me-ia como abandonada, exilada da vida; retirava-me para um chalet da Suíça, ou para Jerusalém, ou para a melancolia de um claustro no sul da França. Tinha determinado assim a solução do meu destino.

Quando cheguei à casa n.º… ele não estava ainda. Fiquei ali muito tempo, imóvel numa cadeira. Os ruídos da rua chegavam-me como no fundo de um sonho. A sala tinha uma luz esbatida, através dos vidros foscos como os globos dos candeeiros. Eu sentia aquela impressão indefinida, que nos vem quando estamos durante muito tempo num lugar sossegado e triste, olhando o silencioso cair da chuva.

De repente a porta gemeu docemente, ele entrou.

Vinha do campo. Tinha colhido para mim um pequenino ramo de flores miúdas das sebes. Veio apoiar-se nas costas da minha cadeira, e deixou-mas cair no regaço…

Depois, falando-me baixo, junto da face:

- Andei todo o dia a pensar em si, à travers champs.

Não respondi, e com os olhos errantes nas cores do tapete, desfolhei cruelmente as pequeninas flores dos prados. Tinha um contentamento amargo em torturar aqueles delicados seres, que vinham dele, e que me parecia terem dele aprendido a mentir.

- Pensei constantemente em si, e o passeio foi encantador, repetiu com uma voz docemente insistente.

Eu ergui os olhos para ele.

- Responda-me: sabe mentir?

- Mas, meu Deus, disse ele, afastando-se, parece que me quer hoje mal, minha querida filha!

Não respondi; mas o meu regaço estava coberto de flores mutiladas.

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pág. 213 (Capítulo 39)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 213

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240