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Capítulo 40: CAPÍTULO VII

Página 218

- Mas vai debalde. Não há guerra. É positivo. Por isso eu vou para Itália.

- Vai para Itália?… Mas, então… Ah! vai para Itália? Minha pobre amiga, quem sabe se isso devia ser! Em todo o caso, em qualquer parte, ou feliz, ou triste, para a consolar, ou para fazer um trio com o meu violoncelo, sou seu, adeso e sempre.

Apertou-me a mão. Não sei porque, aquelas palavras deram-me uma sensação triste.

Quis ir ao Aterro. A tarde caía. A água tinha uma imobilidade luminosa.

Do outro lado os montes estavam esbatidos num vapor azulado e suave.

Sobre o mar havia nuvens inflamadas, de uma cor fulva, como no fundo de uma glória. Algumas velas passavam rosadas, tocadas da luz.

Sentia-me vagamente melancólica. O rio, aquelas casas triviais, todos aqueles aspetos que eu conhecia, que eram para mim até aí quase inexpressivos, apareciam-me pela última vez que os via, com uma feição simpática. Tive uma saudade piegas daqueles lugares: quis sorrir, escarnecer; mas a verdade era que aquela paisagem, o pesado hotel Central, o terraço de Bragança-hotel, a grosseira e escura rua do Arsenal, todas essas coisas alheias a mim, me despertavam inesperadamente o desejo instintivo de tranquilidade, de família, de situações pacíficas, fazendo destacar no fundo da minha vida, num relevo negro, a aventura que eu ia intentar; e aparecendo-me como um juntamento de velhos rostos amigos que se despedem, faziam-me pensar nas coisas irreparáveis, no exilio e na morte!

A minha carruagem subia a passo a rua do Alecrim. As luzes acendiam-se. O céu estava ainda pálido.

Uma senhora passou, só, a pé, levando uma criança pela mão: era uma mulher nova e distinta; parecia feliz. O pequenino, loiro, gordo, ria, palrava naquela linguagem misteriosa e doce, que é o que ficou ainda na voz humana do a b c do céu.

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pág. 218 (Capítulo 40)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 218

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240