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Capítulo 42: CAPÍTULO IX

Página 226
CAPÍTULO IX

Sosseguei. Vencida, fiquei numa chaise longue, muda e como morta. Olhava maquinalmente a carruagem da luz.

- Bety, disse eu, deita-te. Eu estou bem. Vai…

Ela saiu, chorando. O quarto estava mal alumiado. Eu via, fora, as ramagens do jardim, recortando-se num relevo negro sobre o pálido céu, cheio da lua. Estive muito tempo assim, olhando, sem consciência e sem vontade. Lentamente, creio, comecei pensando em coisas alheias aos interesses da minha dor: lembrava-me a forma de um vestido que eu tinha desenhado para a Aline.

Por fim ergui-me, passeei muito tempo no quarto, o movimento chamou-me à consciência e à verdade das minhas aflições. Arranquei a folha de uma carteira, e escrevi a lápis tumultuosamente: «Tem razão, tem razão. Espero-o amanhã às 10 horas da noite na casa… Até lá não lhe direi que o amo; só lá lhe direi o que sofro.»

Eu mesma saí ao corredor, e do alto da escadaria, silenciosa, alumiada por um grande globo fosco, chamei um criado, André, imbecil e indiscreto, e atirei-lhe o bilhete lacrado, dizendo-lhe:

- Leve esse bilhete já… Vá numa carruagem.

E indiquei-lhe a casa do meu primo. Ritmel estava hospedado lá.

Vim sentar-me à janela do meu quarto: vinha um aroma suave do jardim; o luar, as grandes sombras, tinham um repouso romântico e triste. Lentamente, a minha desgraça começou aparecendo-me inteira, nítida, em pormenores, numa grande síntese, como se fosse um mapa.

Eu era traída! Aos vinte e três anos, com todas as inteligências da paixão, com todos os delicados prestígios do luxo, era traída, era traída! Senti então pela primeira vez a presença do ciúme, esse personagem tão temido, tão cantado nas epopéias, tão arrastado pela rampa do teatro, tão conhecido da

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pág. 226 (Capítulo 42)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 226

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240