Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: CAPÍTULO II

Página 57

- Então que viram eles?

- Eles não viram nada.

- Então aí tem!

- Não viram, mas ouviram.

- Tinham de ouvir boas coisas!

- Ouviram, sim senhor, ouviram. E não foi só a eles que sucedeu isso, foi a todos quantos cá moraram. E era gente de bem, que não mentia, que não tinha precisão de mentir, que tinham pago a sua renda e que ficaram com ela perdida!

- Então que ouviam eles?

- O senhor bem o sabe!… O que eles ouviam? Ouviam pancadas nas portas, quando ninguém batia, nem lhes tocava! Ouviam espirrar o lume e estalarem os carvões exatamente como se estivessem abanando à fogueira, quando estava a cozinha só e o fogão apagado! Sentiam o bater das asas de um pássaro que começava a voar pelas casas apenas se apagavam as luzes; ouviam-no arquejar e bufar aproximando-se cada vez mais dos que estavam deitados, pairando tão rente das camas que se lhe sentia o estremecer das penas, o calor de lume que ele deitava do bico e ao mesmo tempo o frio de neve que fazia a mover as azas!

- Ora adeus! tinham ouvido falar nisso e pareceu-lhes que sentiam o tal pássaro, de que já falavam os inquilinos anteriores, os quais também tinham ouvido falar nele, não havendo ao fim de contas ninguém que verdadeiramente o tivesse ouvido.

- Então o senhor não sabe porque foi que eles fugiram, os últimos que estiveram cá, faz agora quatro anos?

- Ouvi falar nisso, mas por alto, não me deram pormenores.

- Eis aí está porque o senhor não acredita! A coisa foi esta: Eles eram gente pobre mas honrada: marido, mulher e uma filha de seis anos. Para o que desse e viesse dormiam todos juntos na mesma sala. A pequenita a quem eles não contavam nada por causa do medo, estava numa caminha a um lado. Dormiam com luz na lamparina, e como trabalhavam muito de dia e estavam cansadíssimos à noite, lá pegavam no sono apesar do barulho das faúlas do fogareiro e das argoladas nas portas.

<< Página Anterior

pág. 57 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 57

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240