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Capítulo 15: CAPÍTULO III

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CAPÍTULO III

Talvez estranhe, senhor redator, a escrupulosa minuciosidade com que eu conto estes fatos, conservando-lhes a paisagem, o diálogo, o gesto, toda a vida palpável do momento. Não se admire. Nem tenho uma memória excecional, nem faço uma invenção fantasista. Tenho por costume todas as noites, quando fico só, apontar num livro branco os fatos, as ideias, as imaginações, os diálogos, tudo aquilo que no dia o meu cérebro cria ou a minha vida encontra. São essas notas que eu copio aqui.

Á mesa do almoço estavam já sentados os passageiros. O nosso lugar era ao pé do capitão. O comandante do Ceilão era um homem magro, esguio, com uma pele muito vermelha, donde saíam com a hostil aspereza com que as urzes saem da terra, duas duras suíças brancas.

Ao seu lado sentavam-se duas excêntricas personalidades de bordo: o Purser, que é o comissario que vela pela instalação dos viajantes e pelos regulamentos de serviço, e Mr. Colnei, empregado do correio de Londres. O Purser era tão gordo que fazia lembrar um grupo de homens robustos metidos e apertados numa farda de marinha mercante. Mr. Colnei era alto e seco, com um imenso nariz agudo e enristado, em cuja ponta repousava pedagogicamente o aro de ouro dos seus óculos burocráticos. O Purser tinha uma fraqueza que o dominava - era o desejo de falar bem brasileiro. Tinha viajado no Brasil,

admirava o Maranhão, o Pará, os grandes recursos do império. A todo o momento se aproximava de mim para me perguntar certas subtilezas de pronúncia brasileira. Mister Colnei, esse, era gago e tinha a mania de cantar cançonetas cómicas. Os outros passageiros eram oficiais, que iam tomar serviço na India, algumas misses alegres e loiras, um clergyman com doze filhos, e duas velhas filantrópicas, pertencentes à Sociedade educadora dos pequenos patagónios.

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pág. 91 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 91

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240