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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 109
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- Então? que tal? A mulher? foi a interrogação que acolheu o Taveira.

Mas antes de dar notícia da estreia da Moreli, a dama nova, Taveira reclamou alguma coisa quente. E enterrado numa poltrona junto do fogão, com os sapatos de verniz estendidos para as brasas, respirando o aroma do punch, saboreando uma cigarete, declarou enfim que não tinha sido um fiasco.

- Que ela, a meu ver, é uma insignificância, não tem nada, nem voz, nem escola. Mas, coitada, estava tão atrapalhada, que nos fez pena. Houve indulgência, deram-se-lhe umas palmas... Quando fui ao palco, ela estava contente...

- Vamos a saber, Taveira, que tal é ela? inquiria o marquês.

- Cheia, dizia o Taveira colocando as palavras como pinceladas; alta; muito branca; bons olhos; bons dentes...

- E o pezinho? - E o marquês, já com os olhos acesos, passava devagar a mão pela calva.

Taveira não reparara no pé. Não era amador de pés...

- Quem estava? perguntou Carlos, indolente e bocejando.

- A gente do costume... É verdade, sabes quem tomou a frisa ao lado da tua? Os Gouvarinhos. Lá apareceram hoje...

Carlos não conhecia os Gouvarinhos. Em redor explicaram-lhe: o conde de Gouvarinho, o par do reino, um homem alto, de lunetas, poseur... E a condessa, uma senhora inglesada, de cabelo cor de cenoura, muito bem feita... Enfim, Carlos não conhecia.

Vilaça encontrava o conde no centro progressista, onde ele era uma coluna do partido. Rapaz de talento, segundo o Vilaça. O que o espantava é que ele pudesse ter assim frisa de assinatura, atrapalhado como estava: ainda não havia três meses lhe tinham protestado uma letra de oitocentos mil réis, no tribunal do comércio...

- Um asno, um caloteiro! disse o marquês com nojo.

- Passa-se lá bem, às terças feiras... - disse Taveira, mirando a sua meia de seda.

Depois falou-se do duelo do Azevedo da Opinião com o Sá Nunes, autor d'El-Rei Bolacha, a grande mágica da Rua dos Condes, e ultimamente ministro da marinha: tinham-se tratado furiosamente nos jornais de pulhas e de ladrões: e havia dez intermináveis dias que estavam desafiados e que Lisboa, em pasmaceira, esperava o sangue.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 109

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605