Daí a dias fechou-se a casa de Benfica. Afonso da Maia partia com o neto e com todos os criados para a quinta de Sta. Olávia.
Quando Vilaça, em fevereiro, foi lá acompanhar o corpo de Pedro, que ia ser depositado no jazigo de família, não pôde conter as lágrimas ao avistar aquela vivenda onde passara tão alegres natais. Um baetão preto recobria o brasão de armas, e esse pano de esquife parecia ter distinguido todo o seu negrume sobre a fachada muda, sobre os castanheiros que ornavam o pátio; dentro os criados abafavam a voz, carregados de luto; não havia uma flor nas jarras; o próprio encanto de Sta. Olávia, o fresco cantar das águas vivas por tanques e repuxos, vinha agora com a cadência saudosa de um choro. E Vilaça foi encontrar Afonso na livraria, com as janelas cerradas ao lindo sol de inverno, caído para uma poltrona, a face cavada sob os cabelos crescidos e brancos, as mãos magras e ociosas sobre os joelhos...
O procurador veio dizer para Lisboa que o velho não durava um ano.