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Capítulo 1: O homem da multidão

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Esta rua é uma das-principais artérias da cidade, e estivera todo o dia pejada de pessoas. Porém, à medida que a escuridão caía, a multidão aumentava a cada momento e, na altura em que todos os candeeiros se acenderam, duas constantes e densas vagas de pessoas cruzavam a porta. Nunca havia estado em situação semelhante naquele período específico da tarde e, assim, o mar tumultuoso de cabeças humanas enchia-me de uma nova e deliciosa emoção. Com o decorrer do tempo, deixei de prestar atenção ao que se passava no interior do hotel e quedei-me absorto na contemplação da cena exterior.

A princípio, as minhas observações tomaram um curso abstracto e generalizante. Olhava os transeuntes em cachos, e considerava-os nas suas relações globais. Em breve, porém, desci aos pormenores e passei a contemplar com minucioso interesse as inúmeras variantes de figura, de traje; de aspecto, de andar, de rosto e de expressão fisionómica.

A grande maioria dos que passavam tinha um porte convencido e grave e parecia pensar apenas em abrir caminho por entre a multidão. Franziam as sobrancelhas e os seus olhos giravam rapidamente de um lado para o outro; quando eram empurrados por outros transeuntes, não revelavam indícios de impaciência; antes compunham a roupa, seguindo prontamente o seu caminho. Outros, também em número elevado, tinham movimentos inquietos, rostos corados, e falavam e gesticulavam de si para si, como que sentindo-se sós por virtude da própria densidade da multidão que os cercava. Quando alguém lhes tolhia o passo, estas pessoas paravam subitamente de murmurar, mas redobravam de gestos e aguardavam, com um sorriso ausente e forçado nos lábios, que passasse a gente que lhes barrava a passagem. Se eram empurrados, faziam grandes vénias a quem os empurrava, e pareciam perfeitamente dominados pela maior das confusões.

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Capa do livro O Homem da Multidão
Páginas: 11
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Os capítulos deste livro:
O homem da multidão 1