III Mesmo depois de lhe terem cortado o cabelo muito curto e, em seguida, lho terem pintado de um preto disperso e pouco natural, de lhe terem barbeado o rosto tão rente que até cintilava e de lhe terem vestido roupas de rapazinho, feitas por medida por um alfaiate espantado, foi impossível a Mr. Button ignorar o facto de o filho ser uma fraca desculpa como primeiro bebé da família. Apesar da corcova da idade, Benjamin Button - pois era assim que o tratavam em vez de pelo apropriado, mas detestável, nome de Matusalém - tinha um metro e setenta de altura. O vestuário não ocultava isso, do mesmo modo que o aparar e o tingir das sobrancelhas não disfarçavam o facto de, por baixo delas, os seus olhos estarem baços, lacrimosos e cansados. Por isso, a ama que fora contratada de ante-mão foi-se embora após um único olhar e num estado de grande indignação.
Mas Mr. Button persistiu no seu inabalável propósito. Benjamin era um bebé e continuaria a ser um bebé. Ao princípio, declarou que, se não gostava de leite morno, continuaria sem comer nada, mas por fim deixou-se convencer e, optando pelo meio-termo, permitiu que o filho comesse pão com manteiga e, até, papas de aveia. Um dia levou para casa uma roca e, ao dá-la a Benjamin, impôs-lhe, clara e firmemente, que «brincasse com ela». O velho aceitou-a com ar enfastiado e ouviam-no sacudi-la obediente e intervaladamente ao longo do dia.
Não restavam, porém, dúvidas de que a roca o aborrecia e, quando estava sozinho, encontrava outros divertimentos mais apaziguadores. Por exemplo, um dia Mr. Button descobriu que, ao longo da semana anterior, fumara mais charutos do que nunca - fenómeno que foi explicado poucos dias depois quando, ao entrar inesperadamente no quarto do bebé, o encontrou envolto numa ténue névoa azulada e Benjamin a tentar, com ar culpado, esconder a beata de um havano escuro.